Vou contar um pouco de minha Breve passagem pela música. Meu nome é Luiz
Henrique Cunha, conhecido no meio musical do Rio de Janeiro por Luiz Vicunha,
músico, guitarrista, compositor, e até cheguei a produzir um CD de minha
autoria chamado PARAMITA. Produzi outros trabalhos também, mas nada que
chegasse a ser divulgado, ficando como meu acervo pessoal de músicas e
composições, esperando que um dia viesse acontecer de ser usado em alguma
banda, ou em algum projeto musical.
Não vou medir palavras, sou músico Frustrado com o cenário musical. Sim, é isso mesmo. Frustrado.
Mas por quê? Você deve estar perguntando agora. A resposta é simples. Eu nasci
em um País onde a música não é levada a sério, onde as pessoas não são levadas
a sério e aonde o povo tem o que merece. Corrupção, mau gosto e alienação
cultural. Não é por menos que o Brasil é motivo de piada para o resto do
mundo.
Eu sou músico
autodidata, mas isso não significa que eu não saiba o que é a
música, o que é uma contagem de tempo em 7/8, o que é uma partitura musical ou modos gregos em escalas. Pelo contrário,
sou autodidata pois eu não tenho uma linha de formação musical definida. Quando
criança estudei música na
Casa Milton, uma das mais famosas escolas particulares de música
do Rio de Janeiro, em minha adolescência estudei alguns anos na Escola de
Música
Villa Lobos. Fiz vestibular e passei para o curso de música da
UFRJ, porém por influências externas, tive que seguir o curso de Direito da Universidade Veiga de Almeida mas não desisti da música, fiz alguns cursos de música online, paguei por aulas particulares e sempre procurei
me aperfeiçoar não apenas na parte técnica de meu instrumento musical, mas no
conceito e na vivência da música.
No Rio de Janeiro
participei de diversas bandas, sendo a primeira de pop-rock, com 15
anos de idade. Aos 17 entrei em minha primeira banda de Heavy Metal, a Dream
Hall, que ficou na estrada por dois anos, fazendo
inúmeros shows pelo Estado do Rio. Após isso participei como
músico
convidado em
diversos projetos musicais,
shows e apresentações das mais
diversas espécies.
Trabalhei com música por algum tempo, fui vendedor, professor particular de guitarra e cheguei a ser chamado para apresentar alguns workshops em minha faculdade e em algumas lojas de música.
Enquanto eu estava pegado gravando o CD autoral da minha antiga banda a
Magistra, banda esta que despertou os olhares do músico e produtor Renato
Tribuzy, o qual fechou uma parceria conosco produzindo nosso CD, gravei de
forma totalmente independente o PARAMITA, CD instrumental o qual eu tentava
mostrar meu lado criativo diferenciado, mostrando que eu não sou apenas um
guitarrista de banda de Heavy Metal, mas que sou um músico com entendimentos
além de seu instrumento musical, uma vez que nesse CD eu compus todos os instrumntos (Guitarra,
Baixo, Bateria, Teclado, Orquestra e etc.).
Foi um desafio muito gratificante
para mim, porém sem nenhum crédito ou reconhecimento posterior. Sei que o público alvo é
bastante restrito, principalmente quando se trata de musica instrumental, rock
e heavy metal, agora obter um resultado NULO! É sacanagem!!
Pessoas que se diziam apoiar a música de forma irracional, que batiam
no peito por uma causa justa, pela luta para não deixar o Rock morrer, foram
vencidas pelo cansaço, ou simplesmente comprovaram que todo aquele esforço e
suor não passavam de demagogia. E eu músico sonhador, pensando que em algum dia
poderia demonstrar minha arte para o mundo, ou simplesmente sobreviver com o
fruto da mesma, me frustrei, me decepcionei com o cenário e cansei de me expor e simplesmente de tentar me enganar de que a música de qualidade nos tempos de hoje é reconhecida.
As pessoas que me conhecem no meio musical devem estar chocadas com esse meu
relato, pois eu durante 10 anos de estrada, nunca deixei transparecer um traço
de desilusão, e agora venho dizer abertamente para todos que DESISTI DA MÚSICA.
A música era pra ser profissão, uma profissão gloriosa e gratificante, com
retorno financeiro proporcional ao gasto que nos proporciona. SIM, GASTO QUE
NOS PROPORCIONA. Ser músico não é sentar numa cadeira de bar, escrever uma letrinha
boba e sair cantando. Pelo contrário, os gastos são absurdos. Ensaios,
transporte, manutenção de instrumento musical, gravações, composições, registro
de músicas, anuidade da OMB, dentre outras coisas.
Se você tem uma banda, e pretende ensaiar durante 2 horas em um estúdio, o
gasto de sua banda vai ser R$ 40 reais por hora de estúdio, mais transporte de cada
músico até o local de ensaio, mais o que cada músico consumir no local. Logo em um dia de ensaio
pode-se colocar que o gasto da Banda foi de R$150,00 a R$300. Se a banda
ensaiar 4x por mês o gasto é de R$ 600,00 a R$ 1.200,00 Só com ensaio, fora melhorias em seu
instrumento, cordas, equipamentos novos e etc.
Quando se fecha um show de uma
banda pequena, quando a mesma não toca DE GRAÇA, o cachê cobre apenas as despesas de
um ensaio. Deixando a banda na defasagem de R$ 450,00 a R$ 900,00. PORRA ISSO É PROFISSÃO??
Trabalhei um tempo como guitarrista free-lancer em estúdios, pois os estrelinhas das bandas que estavam sendo produzidos, empresariados e que estão em destaque hoje não conseguiam gravar uma base de guitarra em um compaço 4/4 a 120 bpm. Não vou postar as bandas as quais gravei as guitarras, por uma questão contratual. Mas se você está escutando a bandinha tal e acha que o guitarrista é FODÃO, pode ter certeza que quem gravou aquilo ali não foi ele.
No mais, eu acho absurdo uma pessoa que faz uma letra repetindo apenas a
expressão “Você quer?” ser considerado músico. Que valor essa música passa? Que
crítica essa música faz? Qual a mensagem que ela passa? Se pararmos para
pensar, as pessoas estão cada vez mais BURRAS para aceitar isso. Músicas com
conteúdo não tocam mais na rádio. São poucas as rádios que se põem a tocar
músicas de qualidade, e quando tocam, são músicas internacionais. Chamar uma
pessoa que faz um trabalho desse nível, de músico, é dar um tiro na cara de
quem se dedica e estuda, de quem tenta trabalhar com isso de forma séria. Pois
por conta de pessoas assim, que não temos MÚSICA DE QUALIDADE no Brasil.
Mas a culpa não é da pessoa que se presta ao papel ridículo de dar a cara
para cantar porcarias na TV, a culpa é de quem aceita isso. Para mim a pessoa
que canta uma merda dessas não é musico nem artista. É palhaço! E quem consome
esse tipo de material é pior ainda.
Meu conselho para quem quer começar na música de forma profissional e para
reverem seus conceitos, suas qualidades, é que se ainda assim quiser tentar a sorte no
meio musical, que veja realmente se vale apena. Pois eu tinha um sonho, e este
se tornou um pesadelo o qual eu ainda não consegui acordar, de tamanho desgosto
das coisas que vivenciei na tentativa de levar a música a sério.
Estou deixando esse relato no Blog, os vídeos e músicas as quais compuz com todo carinho para que, quem sabe algum dia, minha vontade de continuar esse caminho volte e eu consiga dar continuidade nos trabalhos os quais estou deixando de lado. É muito triste ver que o esforço de 15 anos de dedicação foram 15 anos de perda de tempo.
Keep Rock and Fuck YOURSELF
Por Luiz Vicunha